Porto Alegre - RS - Brasil 20231009
Fonte: Base de dados Rio Grande Agrícola
A reabertura da Bolsa de Dalian (DCE) trás o resultado que era esperado, com ajustes de aproximadamente 200 pontos em alguns vencimentos. O reflexo da queda, porém, é preocupante para o cenário de preços futuros.
No gráfico acima, nossa equipe converteu os preços praticados em Dalian (DCE) em dólar americano, buscando um indicador capaz de comparar o preço base de Chicago (CBOT), a fim de se obter um resultado mais homogêneo entre as moedas. Comparativamente os preços internos praticados na Bolsa de Dalian (DCE) terminaram a seção em US$ 621,75 para vencimento de outubro de 2023 e US$ 554,29 para vencimento de setembro de 2024, uma variação de US$ 67,46 entre o vencimento corrente e o futuro.
Se formos mais a fundo, o melhor valor praticado na bolsa de Dalian, para o vencimento de "outubro 2023", ocorreu em 28 de agosto de 2023, chegando a seu ápice de 5.460 RMB, ou seja, comparando com o dólar atual (7,2923 RMB por 1 US$), uma cotação de U$ 748,73, o que acentua ainda mais drasticamente a curva de queda (aproximadamente US$ 200,00), com o menor vencimento futuro (setembro 2024). Em contrapartida, a nossa análise também prevê que o a atual cotação está muito próxima a média dos últimos 12 meses, conforme abaixo.
Gráfico de desempenho do vencimento Outubro 2023:
Por quê o cenário é preocupante?
Se compararmos os indicadores desempenho de Dalian (DCE) atribuídos em dólares e comparando com os preços da Bolsa de Chicago (CBOT) mais ou menos os prêmios, nota-se que existe um descolamento dos preços esperados pelos analistas e compradores chineses em relação ao desempenho da CBOT. Abaixo mostramos um comparativo entre os preços a partir do Brasil (CBOT +/- Prêmio) x Dalian (preço convertido interno menos taxas, impostos e frete) a fim de criarmos uma análise viável para entender o cenário e a realidade de mercado da China, na visão do comprador, com o mercado do Brasil, na visão do vendedor.
Comparando preços CFR:
Fonte: base de dados da Rio Grande Agricola
Ponto de análise: Os preços brasileiros são considerados com custos financeiros de 1,5%.
Ao traçarmos as linhas do gráfico, notamos que os preços praticados no Brasil, com base na Bolsa de Chicago, não possuem a mesma curva de queda que os preços praticados na Bolsa de Dalian, levando em consideração que o frete foi ajustado em US$ 50,00 para ambos os lados, porém, com adição do custo financeiro para o lado brasileiro (carregando-se ou não para o preço, o que depende de cada empresa e negociação), onde a distância mais longe entre dois pontos esta em aproximadamente US$ 60,00, o que demonstra que não existe convergência nas opiniões sobre preços futuros para um e outro lado.
Como os preços no Brasil são praticados com base nos indicadores da Bolsa de Chicago, estamos seguindo a regra a muitos anos criada, mas o que nos diferencia realmente, neste momento, são os prêmios, que estão bastante afetados pela logística portuária, excesso de produto e custos internos, que por sinal também é um índicador base da CBOT, portanto, entende-se que os analistas preveem os prêmios com base nos indicadores de eficiência de cada região, mas via de regra todos próximos, a exceção do Porto de Rio Grande que neste ano possuí prêmios positivos dado a estiagem no Estado o RS, cujo resultado foi a redução drástica da produção.
Em resumo, os cenários possíveis: 1) a Bolsa de Dalian prevê que os preços cairão mais ainda devido ao excesso de produção, consequentemente de oferta, e, 2) se a CBOT mantiver os índices atuais, os prêmios tenderão a corrigir negativamente para se aproximar da realidade do comprador. Este é o alerta que teremos uma possível desvalorização da soja nos próximos meses, se o cenário de oferta e demanda se manter dentro das atuais expectativas.
Comparando os preços FOB:
Fonte: base de dados da Rio Grande Agricola
Ponto de análise: Os preços brasileiros são considerados com custos financeiros de 1,5%.
Ao compararmos os preços base FOB da China para o Brasil (preço interno, descontado o frete, impostos e taxas) x os preços base FOB nos portos brasileiros, nos deparamos com o mesmo cenário (CFR menos US$50,00), mas notadamente uma discrepância visual maior e mais preocupante, porque se o produtor brasileiro não está feliz em vender sua produção nos preços de hoje, então, imaginemos com os preços que estão por vir em 2024. Consequentemente, ao analisarmos a pressão que existe na redução gradativa da oferta devido a preços menos atrativos e a expectativa do comprador, notamos que esta variação poderá comprometer muitos contratos se o cenário assim se manter, o que logicamente fará o caminho contrário do ocorrido com alguns contratos chineses com vendedores americanos, levando, desta vez, os compradores a preferir a soja americana e a argentina. Neste caso, é importante que o vendedor tome precauções para evitar preocupações mais adiante com a possibilidade de whashouts.
Ponto de vista:
1 - Se a perspectiva de preços chinesa está correta: teremos uma redução ainda maior nos preços no pico da safra brasileira de até US$ 40,00.
2 - Se CBOT não previu o cenário de oferta e demanda como conclusivo: poderemos ter uma drástica redução nos prêmios.
3 - Se CBOT não ajustou os preços: haverá uma queda considerável nos preços da CBOT para 2024, tornando os prêmios mais voláteis.
Variáveis não controláveis:
1 - Variação cambial (depende da politica governamental e economia mundial).
2 - Variações climáticas (fenômeno "el niño" pode afetar a produção global).
3 - Politicas externas de compradores e vendedores, especialmente em relação as políticas praticadas pelo FED dos USA para controle dos juros.
Variáveis que podemos controlar com ferramentas de gestão:
1 - Variação cambial (hedge: comprando posições dos contratos vendidos).
2 - Trava de preços e aquisição de lotes no mercado de opções.
3 - Criar relações estáveis e sólidas com os compradores.
4 - Garantir a produção concomitantemente com os contratos fechados, comprando e travando preços no mercado interno.
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