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Do Campo ao Tanque: O Papel Estratégico do Óleo de Soja na Nova Era Energética

Como políticas de biodiesel no Brasil e nos EUA estão transformando o mercado agrícola global.

Fonte: ANP, Stonex, IBIOAVE e RGA
Fonte: ANP, Stonex, IBIOAVE e RGA

O óleo de soja, antes considerado um subproduto do esmagamento voltado à produção de farelo para ração animal, tornou-se protagonista em uma nova era energética. A ascensão dos biocombustíveis, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, está transformando silenciosamente a matriz produtiva e comercial da soja.


O Novo Papel do Óleo de Soja


Com o avanço das políticas de combustíveis renováveis, o óleo de soja passou a agregar mais valor por bushel do que nunca. Essa mudança elevou o conceito de “oilshare” — a participação do óleo no valor total do esmagamento — a um novo patamar estratégico. Hoje, o óleo é tão ou mais relevante que o farelo na composição de valor da soja.


Nos EUA, a proposta da EPA para aumentar os volumes obrigatórios de diesel de biomassa para 2026 e 2027 reforça essa tendência. No Brasil, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a elevação gradual da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, que atingirá 15% (B15) em 2026. A partir de agosto de 2025, o percentual já subiu para 15%.


Oilshare nos EUA: Gráficos que Revelam a Nova Dinâmica


Nos Estados Unidos, o conceito de soybean oilshare é amplamente utilizado para medir a participação do óleo de soja no valor total do esmagamento. Essa métrica ganhou relevância com o crescimento da demanda por biocombustíveis e a valorização do óleo frente ao farelo.

Os gráficos disponibilizados pela CME Group ilustram com precisão essa evolução. Eles mostram:

  • A participação semanal do óleo de soja no valor do complexo soja (Soybean Oilshare Weekly Nearby).

  • A volatilidade dos preços do óleo e do farelo ao longo do tempo.

  • O impacto direto das mudanças políticas, como a transição do crédito 40A para o 45Z, sobre a demanda por óleo de soja.


Oilshare no Brasil: Um Indicador em Construção


No Brasil, ainda não existe um indicador oficial equivalente ao soybean oilshare americano. No entanto, é possível acompanhar a evolução da participação do óleo de soja no valor do esmagamento por meio de um quadro comparativo, utilizando dados públicos e privados.


Fontes de monitoramento:

Componente

Fonte sugerida

Frequência

Preço do óleo de soja

CEPEA / ANP / StoneX

Diário ou semanal

Preço do farelo de soja

CEPEA / StoneX

Diário ou semanal

Volume de esmagamento

ABIOVE / ANP / IBGE

Mensal

Produção de biodiesel

ANP

Mensal

Exportações de óleo/farelo

SECEX / MDIC

Mensal

Prêmios internos e externos

Corretoras / plataformas privadas

Semanal

A partir desses dados, é possível calcular uma estimativa de oilshare Brasil com a seguinte fórmula:


Oilshare (%) = [Receita estimada do óleo ÷ Receita total do esmagamento] × 100



Impactos na Matriz Produtiva e Comercial


Essas mudanças provocaram um aumento expressivo no consumo interno de óleo de soja, tanto no Brasil quanto nos EUA. O resultado?

  • Redução da disponibilidade para exportação.

  • Valorização do produto no mercado doméstico.

  • Aumento dos prêmios pagos internamente, mesmo que de forma silenciosa.

Segundo projeções da StoneX, o consumo de óleo de soja para biodiesel no Brasil deve crescer 10,3% em relação a 2024, com participação superior a 85% na matriz de insumos para biodiesel.


Riscos e Volatilidade


Nos EUA, a substituição do crédito fixo de US$ 1 por galão (40A) pelo crédito progressivo 45Z, baseado na intensidade de carbono, reduziu a competitividade do óleo de soja como insumo para diesel de biomassa. Essa mudança já provocou queda na produção e na demanda, evidenciando o impacto direto das políticas públicas sobre o mercado.


Ferramentas de Proteção


Com a valorização e a volatilidade do óleo de soja, surgiram contratos futuros e opções de ações específicas para esse produto. Essas ferramentas permitem que produtores, processadores e investidores negociem diretamente a contribuição do óleo para o valor da soja, oferecendo proteção contra oscilações de preço e maior precisão nas decisões de mercado.


Conclusão


O óleo de soja deixou de ser coadjuvante e assumiu papel central na transição energética. A nova dinâmica de consumo interno, impulsionada por políticas de biocombustíveis, está redesenhando a lógica de produção e exportação da soja.


Entender essa transformação é essencial para quem atua no agronegócio e quer se posicionar estrategicamente em um mercado cada vez mais complexo e interconectado.

O mercado está mudando — e quem acompanha essa transformação com dados e visão estratégica sai na frente. Acompanhe a RGA para mais análises como esta.

Créditos deste artigo: Rio Grande Agricola e Open Markets - Clique aqui para ir ao artigo do CME Group


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