Porto Alegre - RS - Brasil - 16082023
Fonte: Noticias Agrícolas e gráfico da S&P Global e World Bank
Apesar da economia chinesa estar bastante fragilizada e necessitando de mais estímulos, o consumo de alimentos continua em alta, não sendo atingido como os demais setores da economia.
O pós pandemia ainda reflete no consumo e a falta de investimentos pelo consumidor chinês no setor, especialmente de bens de capital, como construção civil, veículos, eletrodomésticos e joias - preferindo poupar a gastar - e, mesmo com os esforços das autoridades chinesas, ainda não foi o suficiente para frear a deflação.
Ao mesmo tempo que a economia desaquecida reflete na redução das importações de commodities metálicas, por exemplo, como o cobre, cujo maior consumidor é a construção civil, seguido da indústria de máquinas e bens de consumo, as importações de alimentos continuam crescendo.
No período de janeiro a julho, as compras chinesas da soja somaram 62,3 milhões de toneladas, 15% a mais do que no mesmo período do ano passado, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas. Já a Já as importações de carne bovina e subprodutos, na primeira metade de 2023, foram de 1,25 milhão de toneladas, 6,3% a mais do que no mesmo período do ano passado, ano que bateu um recorde de compras do produto pela China, alcançando 2,69 milhões de toneladas, sendo que 42,38% deste produto são de origem brasileira.
O gráfico abaixo mostra que a China ocupa o primeiro lugar nas importações globais de soja, milho, arroz, sorgo, cevada, carne bovina, carne suína; o terceiro lugar nas importações de carne de frango e quarto no trigo. Para 2032/33, as projeções são de que, no milho, passe a ser o segundo maior importador mundial, bem como assuma o primeiro como comprador de carne de frango.
Fonte: Noticias Agrícolas e gráfico da S&P Global e World Bank
Em estudo liderado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), mostra que o crescimento da renda e a melhora nos padrões de moradia dos chineses foram combustíveis determinantes para promover o crescimento das importações agrícolas do país nos últimos 20 anos. Neste mesmo intervalo, o consumo de grãos diminuiu e o de proteínas aumentou. O consumo per capita de carne de frango, por exemplo, registrou um aumento de 32%, o consumo de óleo de soja mais do que quadruplicou e o de leite, triplicou.
Recentes eventos como a guerra comercial com os EUA em 2018, a pandemia do Covid-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia que já dura mais de um ano expuseram algumas de suas vulnerabilidades em se tratando de segurança alimentar do gigante chinês.
Todavia, a segurança alimentar segue sendo uma das prioridades no topo da lista de Pequim - um tema recorrente - cujo governo vem buscando soluções para amenizar sua dependência de alimentos ou matérias-primas para produzi-los internamente.
Enquanto não existir uma solução interna, a China continuará comprando alimentos do resto do mundo, não importando o significado de preço, respeitando os limites entre a oferta, demanda e estoques de segurança, porque é dependente e necessita alimentar seus habitantes, mas com a clareza que sempre terá como meta diminuir os riscos de abastecimento, evitando, consequentemente - a todo custo - tensões sociais e mais desconfortos econômicos do que os atuais.
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